Você já percebeu que estamos protagonizando uma era de reconhecimento de valores históricos e heranças ancestrais? Esse movimento está se fortalecendo na cultura e nas artes, sendo a arquitetura uma grande representante.
Em meio a um cenário global de fragilidades sociais, a consciência ambiental, a conexão com a terra e as origens naturais, assim como a apropriação da história regional e humana têm sido tema para pensadores e inspiração para artistas há alguns anos.
Nesse contexto, vemos o resgate de técnicas vernaculares de construção sendo trazidos para projetos contemporâneos. É o caso da taipa, sistema rudimentar para criação de paredes de barro.
A taipa de mão, mais comum no Brasil e também chamada de pau a pique, consiste no entrelaçamento de madeiras formando vãos que depois são preenchidos com terra ou argila.
A taipa é parte importante da história do Brasil, com presença forte na arquitetura colonial: senzalas, casas rurais, residências de senhores de engenho e muitas igrejas foram construídas dessa forma.
Há indícios de que a técnica possa ser uma mistura entre sistemas indígenas, africanos e portugueses.
Já a taipa de pilão tem origem no Oriente da Idade do Bronze e consiste em comprimir a terra em formas de madeira, criando camadas de barro compactado. Muito utilizada em monastérios budistas do Himalaia e no norte da Índia, essa técnica se espalhou para o Oriente Médio e Norte da África, onde foi construída a cidade de Cartago (e é muito provável que, posteriormente, tenha servido também de influência para a técnica que tivemos no Brasil).
A taipa de pilão pode ser muito resistente e durável: a Muralha da China teve sua maior parte feita com essa técnica e no Norte da Europa é possível encontrar construções de taipa com até sete andares e mais de dois séculos de idade.
Como forma de honrar a história e também devido ao impacto visual que proporciona, a taipa de pilão tem ganhado espaço em projetos atuais de arquitetura e decoração, com uma roupagem moderna e sofisticada, exibindo toda a exuberância presente nos seus encontros de cores e texturas.
Além do design, a taipa proporciona um ambiente agradável onde a parede \”respira\”, possui resistência ao fogo e um excelente isolamento termoacústico.
A taipa é sustentável e minimalista: possibilita o uso do próprio terreno como matéria-prima e não causa impacto ambiental no processo de fabricação.
E nos projetos atuais, a taipa se faz presente também através de símbolos: as cores, texturas e os elementos da terra são grandes estrelas do design de interiores hoje em dia. O conjunto de referências ancestrais e orgânicas faz parte do movimento de reconexão com a natureza que tanto buscamos, tornando-se cada vez mais uma escolha recorrente e uma preferência definitiva.
Trata-se não somente de uma tendência aos tons terrosos e ao rústico, mas sim de uma expressão da natureza que vai além do óbvio: mais conectada ao que é histórico, significativo e ao que merece ser honrado. Caminhamos em direção à nossa própria riqueza cultural, onde cada item da decoração tende a ter um motivo de ser e tudo é um símbolo de quem somos.
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